Chequei para uma reunião de minha
banda, confesso que chequei meio ansioso, pois eu estava atrasado, esqueci minha carteira e tinha um milhão de ideias
para compartilhar com meus amigos em poucos minutos antes do ensaio.
Mais ao iniciarmos o bate papo fui pego
de surpresa por uma colocação a queima roupa de nosso baixista. O Xandy Hamman
é um cara extremamente talentoso e maduro, e tem uma qualidade que me assusta,
ele fala pouco , mais quando ele fala o faz com propriedade.
E o melhor ou pior de tudo é que como
chequei atrasado ele já tinha compartilhado sua ideia bomba com os outros companheiros,
me senti acuado, aprisionado pelos olhares
inquietantes, foi assim que aquela frase entrou pelos meus ouvidos, o guitarrista me olhou e mandou como um soco
no estômago: - Cara! O Xandy tem razão, temos
que tocar uns Covers.
Minha cabeça girou, pensei em
milhares de coisas inclusive cobras e lagartos, respirei, e, desconversei
para ganhar tempo, Pô! Tocar cover!? Era tudo que eu não queria, tenho ojeriza, aversão, enjoo com bandas Covers, sabe porque?
Para quem não sabe banda Cover são
bandas que optam em tocar musicas conhecidas de outros artistas, e tem outras
que vão além, não estando satisfeitos em só cantares musicas de seus ídolos se
vestem e se comportam como eles, e passam a se apresentam com aqueles nomes engraçadíssimos
e contestáveis ( U2 Cover, Queen Cover, The Doors Cover etc) , e ganham a vida
cantando musicas que não são suas, com a aparecia que não são seus e com nomes
que não estão registrados, ou seja, se tornam fantoches, caricaturas, apenas um
parecido, um quase, então, são pessoas que não são.
Cover não é um estilo de bandas e sim
um estilo de vida, por isso os Covers me incomodam, pois vivemos na sociedade
dos Covers, somos levados a ser quem não somos, a se vestir como os outros, a
cantar a musica dos outros e viver da maneira como os outros vivem, é a
sociedade baseada na mentira das aparências, onde existimos para provar com
quem parecemos e não como somos.
A reunião girou em outros assuntos mais
relevantes, fomos para o estúdio tocar as nossas musicas, autorais, autenticas,
únicas, singulares e relevantes e modéstia
a parte tão boas quanto a de qualquer
banda grande, assim, me senti muito bem
sendo quem eu sou.
Ps. Posso até tocar um Cover, mais nunca serei
um.