sábado, 31 de dezembro de 2011

Diante do caldeirão

     Acho muito engraçado quando artistas evangélicos são convidados para se apresentarem em programas de Tv de grande audiencia, pois na maioria das vezes eles se apresentam de maneira infantil e com musicas com qualidade duvidosa. Mais hoje foi diferente.
      Foi diferente pois Ana Paula Valadão ( Mega Star Gospel) fora convidada para se apresentar no Caldeirão do Huck, programa apresentado pelo simpatico Luciano Huck, bem, Ana Paula estava segura, profissional, feliz, tocando ao vivo com uma banda que tinha uma forte pegada rock e vocais afinadissimos.
      Mais o que me surpreendeu e com certeza serpreendeu a própria Ana Paula fora a participação do publico que cantou, pulou, vibrou e correspondeu os gritos de "Aleluia" e "Glórias a Deus" entoados pela cantora gospel.
      O programa seguiu sem empolgar muito, pois os cantores que se seguiram não empolgaram nem um pouco, destacando o descepcionante pregador Luo que escolheu uma musica que não pregava nada, e embora tenha sido muito elogiado pelo apresentador Luo não convenceu e nem encantou.
       Mais, derrepente são chamados ao palco a banda Eva junto com o Asa de Aguia, e a temperatura subiu novamente, o publico que a minutos atras cantavam hinos religiosos agora se cabavam com o melhor do hit baiano cantados por Durval e Saulo.
       Moral da história: Diante do trono ou no carnaval baiano o que as pessoas estão buscando mesmo é o velho OBA OBA.
   

sábado, 5 de novembro de 2011

A proparoxítona eo Restart.

Fui a um lançamento de um livro, e enquanto esperava para a entrada dos autores para um bate papo e logo após uma sessão de autógrafos, fiquei ali no auditório, como não estava acompanhado mantive - me em silencio,  e como não podia deixar de ser com os ouvidos abertos escutando a conversa dos outros.
Muitas pessoas falavam mesmo tempo os assuntos mais diversos como: operação de redução de estomago, literatura, como o café expresso estava caro e logicamente uma boa história de briga de família, mais uma conversa em especial me prendeu a atenção.
Ouvi alguém falando que era fã do Chico Buarque, que possuía toda a obra do compositor (que não é nada modesta) e que Chico era um Gênio, concordei piamente, Chico dispensa apresentações e apreciações, mais o que me deixou aflito nesse papo cabeça foram duas coisas:
A primeira que esse fã de Chico Buarque tinha apenas dezesseis anos, fiquei feliz pelo bom gosto do menino, mais logo fiquei preocupado quando ele sentenciou aos seus ouvintes: “ Vocês sabiam que na musica Construção todas as ultimas palavras são proparoxítonas?”, imediatamente olhei para traz, fiz uma careta e pensei:“ Menino, vai ouvir Restart!!!!”.
Muitos metem o pau no som do Restart, eu também muitas vezes disparei contra os meninos, mais há pouco tempo parei para refletir sobre eles,  conclui em primeiro lugar que eles tem em média dezesseis anos. Portanto, ainda inexperientes e ao mesmo tempo são frutos do seu tempo, a banda é a fotografia perfeita de nossa futura geração. São internautas inveterados, criativos, auto-suficientes, tem personalidade forte, além de talentosos, carismáticos, falam de amor e ao contrário de muitos “véios”, sabem tocar ao vivo.
Mais, quero acentuar uma qualidade, eles são livres, isso mesmo, se vestem como querem, colocam um tênis cor de caneta marca texto, uma calça parecida com a do personagem Agostinho (interpretado por Pedro Cardoso), e uma camiseta roxa, alem do mais, jogam o cabelo para onde querem ( pois eles ainda o tem).
Temos a triste mania de achar que a nossa geração é melhor e superior, mais é um triste engano com cheiro de naftalina, pensem, éramos fã dos Menudos, acho que estamos evoluindo.
Restart encarna o que todos nós gostaríamos de ser para sempre, telentosos, autênticos, coloridos, bem sucedido, precoces, carismáticos, livres e jovens. Então, depois que eles se tornarem adultos terão muito tempo para pensar nas proparoxítonas de Chico.



           

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O melhor fracasso que já ouvi.

            Fracasso é sempre uma palavra complicada de se ouvir, é algo que nunca está dentro de nossos planos, ninguém traça metas, economiza ou trabalha pensando nessa possibilidade, nenhum empresário quer ouvir falar em falência, nenhum recém casado sonha com o divorcio, nenhum time joga pela derrota. Portanto, quando ouvimos a palavra fracasso batemos na madeira, sinalizamos o sinal da cruz e fazemos careta como se isso fosse coisa do além.
            Muito se discute sobre o valor do sucesso, palestrantes de motivação ensinam o caminho das pedras para que seus ouvintes desfrutem de vitórias e realizações, livros de auto – ajuda se multiplicam nas livrarias como uma coqueluche e conquistam novas vitimas com o sistema imunológico vulnerável a serem enganados.
            De uma coisa tenho certeza, assim como a morte, o fracasso é inevitável, uma maldição de que todos nós estamos predestinados, uma sina ou um carma destinado a todos os mortais.
            Por isso admiramos os vencedores e não os perdedores, emocionamo - nos com histórias de superação e não de conformidade, lemos biografias de quem chegou ao topo e não dos que se lançam a sarjeta, neste mundo não há lugar para quem tem a face marca pela varíola do fracasso.
            Mas, o que é fracasso? Como defini – lo? Podemos medi – lo? Encontramos mais um paradigma que temos que derrubar, um conceito que tem que ruir, desabar, desmoronar e não deixar pedra sobre pedra,  pois fracasso não é resultados pífios, fracasso é acreditar que nosso sucesso está na perspectiva e aprovação de quem nos vê.
            Em meados da década de setenta após se converter a uma religião mais maluca que ele, Tim Maia se tornou um careta, acreditava que os discos voadores iriam imunizar a humanidade ou será que era a leitura do livro? Sei lá, nunca entendi o Universo em Desencanto.
Bem, Tim deixou de usar drogas, falar palavrão, só andava de branco e acreditem, deixou de cobrar para fazer apresentações, todo isso para levar a mensagem contida no livro da imunização, essa fase racional foi sem duvida uma das melhores da sua carreira, mais dois anos depois o Tim radicalizou e nunca mais racionalizou.
            Logo depois de deixar a seita ele estava sem grana, totalmente quebrado, seria natural e obvio lançar coletâneas de seus maiores sucessos e organizar uma turnê com esses hitis, mais não foi isso que ele fez, entre outras coisas Tim organizou sua própria gravadora a SAROMA e vejam só, gravou um LP totalmente em inglês, foi ousado, criativo, talentoso e oportunista e o resultado? Fracasso.
            Tim e sua pequena e inexperiente equipe não sabiam nada do negócio, não tinham dinheiro e nem logística, os discos ficaram encalhados no estoque da SAROMA, pouco se viu nas lojas e nas rádios nenhuma musica chegou a ser bem executada. Se você acha que Tim se frustrou com isso enganou - se, ele se orgulhava de ter gravado o disco em inglês, dizia que foi a melhor coisa que fez porque realizou um sonho.
            O disco não vendeu, a critica nem lembrou, o publico não ouviu, os LPs impenaram, mais o tempo passou, hoje “Tim em inglês” (como é carinhosamente chamado o disco) é disputado por colecionadores que babam em elogios ao melhor fracasso que já ouvi em toda a minha vida.
            Talvez através do fracasso aparente se esconda o nosso maior sucesso.

Quanto vale o show?


 
“Quanto vale o Show?”, esta pergunta era feita todos os domingos a noite durante os antologicos anos oitenta, quando Silvio Santos apresentava o programa “Show de Calouros”, um espaço artistico democratico onde o candidato poderia mostrar seus talentos no palco, e de quebra quem sabe ganhar um premio em dinheiro depois de passar pelos jurados (Se é que Pedro de Lara e Sergio Mallandro podem se encaixar nesse oficio).
            Assim, atraídos pelo dinheiro, cinco minutos de fama ou apenas para abraçar o homem do baú ou mandar um beijo para familiares, as atrações se revezavam indo de mágicos a equilibristas, cantores de churrascaria e de chuveiro, gogo boys e transformistas, todos se esforçavam e faziam o melhor arrancando aplausos, risadas e justas vaias, e ao final vinha o veredicto: Quanto vale o Show?
            Fui ao lançamento do Livro: “Vida e Carreira, um equilíbrio possível?”, do filósofo Mario Sergio Cordella e o consultor corporativo Pedro Mandelli, o grande ápice da conversa com os autores foi justamente quando fora abordado o tema: quanto vale o seu trabalho? e assim seguiu as interrogações, Qual é o valor do nosso conhecimento? De nossas horas gastas que nunca mais voltarão? Da saúde? Da qualidade de vida? Da juventude? Pode ter certeza valemos muito mais do que ganhamos por oito, dez ou doze horas de mão – de - obra.
            Cordella e Mandelli me fizeram entender que a não sou rotulado ou pesado pelo meu holerite, existe algo mais intrínseco, um valor que somente eu posso enxergar, somente nós sabemos os sacrifícios, esforços e desafios que  enfrentamos para cumprirmos nossas tarefas e realizar nossos sonhos.
            Muitos andam se sentindo desvalorizados, ou seja, desprovidos de valor, aprendi com os autores que não podemos esperar este valor da empresa em que trabalhamos ou de qualquer instituição de que participamos, o meu valor é o que eu sou, e é pequeno pensar que um salário mensal é maior que isto.
Pois somente nós sabemos o real valor de nosso show.

domingo, 30 de outubro de 2011

O roqueiro e o patriarca.



            Rock in Rio 4, quando ouvi este nome corri para ver quem viria para aqueles dias de festival, li toda a programação e  meus olhos brilharam quando cheguei no último dia, estava confirmado os Detonautas ( para mim de longe a melhor banda de rock nacional em atividade), mais como já vi eles ao vivo não liguei muito, pois a atenção estava na ultima atração, os Guns n’ Roses.
            Meu coração bateu mais forte, logo minha mente me levou aos meus inocentes e áureos tempos da adolescência onde fui apresentado à banda. Quando pensamos nos Guns  automaticamente somos levados a pensar em uma mistura musical mais potente que TNT, Axel e Slesh, realmente os Guns n' Roses foram algo fora do comum durante a década de oitenta e inicio da noventa.
            Corri na internet para tentar comprar os ingressos para ultima noite, para minha surpresa justamente eles foram os primeiros a acabar, confesso que no inicio fiquei um pouco decepcionado, frustrado e triste, meu sonho era ver um show dos caras e acho que não terei uma nova chance. Mas, confesso que quando colei meus olhos naquela madrugada na Tv não acreditei no que vi e agradeci a Deus por não ter gasto meu rico dinheirinho com aquilo.
            Chovia muito e o show estava atrasado, a câmera focalizava os rostos na platéia, eu observava pessoas que talvez a idéia de rock que tinham é Restart e NX Zaro, talvez elas estivessem ali por conta de ouvirem falar ou de alguns vídeos do YOU TUBE, também havia balzaquianos e coroas, todos ansiosos, eufóricos e impaciente com a demora. Mas quando as luzes ascenderam os primeiros acordes tocaram e ele apareceu realmente o que eu temia aconteceu.
            Houve um camarada que foi considerado talvez um dos maiores nomes da religião mundial, considerando o maior dos profetas, o primeiro a escrever um código de ética ( dez mandamentos) e a ele é atribuído a autoria dos livros bíblicos de Genesis, Êxodo, Levídico, Números e Deuteronômio os chamados Pentateuco, alem de tudo foi o que conseguiu organizar uma religião monoteísta  e uma nação grandiosa, estou falando de Moises o libertados do povo Judeu.
            Pode parecer sem nexo o que estou escrevendo, Axel Rose e Moises? Nada haver! Pois é, poderia se eles não tivessem tanto em comum.
 Conta – se que quando Moises desceu do Monte onde ele subia para falar com Deus o seu rosto brilhava e resplandecia um luz, mais aconteceu que esta luz apagou e o Grande profeta improvisou, colocou um véu sobre seu rosto de modo que as pessoas pensavam que ele ainda tinha a luz, mas a luz já havia apagado a muito tempo, Moises estava decadente, vivia apenas de uma glória que um dia já havia brilhado.
Por isso Moises e Axel tem tanto em comum, Quando Axel iniciou a primeira música eu ri, mais ri muito, pois ele entrou fora do tom, desafinado e disfarçadamente colocou a mão no volume do microfone como quem diz: “ a culpa é toda sua!”, depois disso o que vimos foi um Axel gordo, sem voz,  sem ar, sem presença de palco... sem luz.
A decadência vem para profetas e roqueiros, o tempo de luz passará, os dias de glória acabarão, o fim vem para todos, mais dia ou menos dia seremos apenas sombra de nós mesmos, uma lembrança vaga.
Cabe a nós vivermos a glória e a saudarmos quando ela deixa de brilhar, não tentar disfarçar com um véu ou com a mão no volume do microfone onde a nossa voz já não é mais audível.

sábado, 22 de outubro de 2011

Musica de verdade ou de brinquedo?

            Música, palavra que todos nós gostamos, uns mais que outros e outros tantos com sérias divergências de ritmos, estilos e preferências esquisitas e particulares. Portanto, em uma coisa a maioria de nós concorda, a musica contemporânea ta difícil de agüentar.
            Gostaria de dar minha opinião particular, pois creio que a música não passa por um momento de aparente mesmice por causa de músicos de médio ou de nenhum talento, pois hoje temos músicos preparados e que contam com uma infinidade de aparatos e aparelhos que facilitam bastante a vida.
            Também não estamos nesse tédio musical por causa do “mercado”, ou seja, aqueles “pseudo-s” cantores fabricados em estúdio, pois hoje a internet é um grande canal de divulgação e todos mostram o seu trabalho de maneira democrática.
             Creio que a música está passando um ócio de renovação, por conta da falta de criatividade e coragem, muitos se limitam a tentar compor um refrão que vai fazer encher os bolsos de din din, nada mal para os padrões capitalistas, mais isto é péssimo para a arte.
            Agora, pois, rufemos os tambores, isso tudo está prestes a mudar, e para mim já mudou quando tomei coragem em uma terça – feira preguiçosa de ir ao shopping ( pólo máximo do capitalismo) vejam só, para assistir a um show de graça, pois é, fui sem esperar muito de um tal Pato Fú, não pela banda pois sempre cantarolei algumas de suas musicas, mais talvez por causa da acústica do shopping que diga – se de passagem é uma porcaria, então, levei minha filha, nos posicionamos em um lugar razoável ( estava lotado) em quando deu 7:30 da noite minha vida mudaria para sempre.
            “Musica de Brianquedo”, esse era o tema do show, onde os músicos tocavam musicas de adulto com instrumentos infantis, parece criativo e ao mesmo tempo perigoso, mais digo para todos que um dia no decorrer dos séculos lerem esta crônica, foi a coisa mais mágica, bela, singela, genial, emocionante, simples e magnífica que já vi e ouvi em toda a minha vida. Os adultos ficavam hipnotizados e as crianças deslumbradas com a sonoridade familiar dos brinquedos, a voz doce de Fernanda Takai e a simpatia dos bonecos do Giramundo.
            Pato Fú me fez sonhar, rir, chorar, me fez cantar do fundo da alma e o melhor de todo, conseguiu tocar no fundo do coração de minha filha e para um pai que quer que sua filha cresça em um mundo mais belo e feliz foi como se o tempo parasse.
            Eu, minha filha, ou melhor, a musica mundial não será mais a mesma, lamento muito que vivemos no Brasil e poucas pessoas já ouviram ou vão ouvir esta obra prima.
Musica de brinquedo não é brincadeira, é musica de verdade!!!!!!

Ps. O Pato Fú foi indicado para Grammy, esse prêmio não é nada comparado ao premio que recebemos.
           

domingo, 11 de setembro de 2011

Toca Raul!!!!



            Faça uma imagem na sua cabeça de Raul Seixas, tenho certeza que você projetou em sua memória a figura de um cara meio doidão, com roupas hippies dos anos setenta, um enorme cavanhaque e óculos escuros? Mas, você sabia que nem sempre foi assim?
            Raul saiu da Bahia junto com sua banda “os panteras” em direção ao Rio de Janeiro sob o convite de Jerry Adriane, Raul e sua banda iriam toca com o badalado cantor  e também tentar o estrelato, mas as coisas ficaram muito difíceis por lá, o rock já não era bem quisto pela sociedade moralista e paternal da época. Pois bem, imaginem rock baiano? 
            Mas, por obra do acaso ou do destino Raul arrumou um empregão, ele passou a ser executivo de uma gravadora de discos, agora o roqueiro era um homem de negócios de barba feita, terno, gravata e pastinha 007. Raul que cantara em uma de suas musicas que passou fome durante quatro anos na cidade maravilhosa, agora vivia em um belo apartamento e seus filhos poderiam comer do bom e do melhor.
            Em nosso conceito capitalista e pós – moderno, faríamos a seguinte equação: Raul saiu da Bahia sem grana, perambulou, sofreu, penou e chegou em um alto escalão de um a multinacional, logo, o cara era um sucesso, um exemplo a ser seguido, um talentoso empreendedor digno de uma biografia.
            Foi mais ou menos isto que Paulo Coelho pensou quando Raul apareceu em sua frente, foi na redação de uma revista editada por Paulo chamada “ A pomba”. Raul apareceu por lá vestido como um “homem de sucesso”, e depois de conversar sobre discos voadores convidou Paulo para jantar na casa dele.
            Paulo que na época era um Porra Loca, achou muito chato ter que jantar na casa daquele almofadinha, mais Paulo queria um emprego melhor e decidiu ir ao encontro, comer e quem sabe beber algo e no final pedir um emprego.
            Foi exatamente isto que aconteceu, Paulo chegou ao confortável apartamento onde Raul morava, tudo estava no lugar, mesa posta e um ar ritualístico e organizado, Paulo conversou um pouco e estava achando tudo muito chato, ao final de todo nhém, nhém, nhém, tomou coragem e perguntou se poderia enviar um curriculum para o Raul, a resposta surpreendeu a Paulo Coelho, a mim quando ouvi a história e talvez surpreenda você.
            Raul Seixas respondeu de forma segura com o seu sotaque soteropolitano: - Desculpe companheiro, não vai dá, é porque acabei de pedir demissão, quero fazer música. Raul foi até o quarto e voltou com um violão e mostrou algumas músicas para Paulo que ficou boquiaberto, na saída ele comentaria com sua namorada: - Esse cara é foda, vai deixar um empregão para virar musico, Paulo voltou para casa feliz por ter conhecido Raul.
            Também fiquei feliz em conhece - lo, não o roqueiro baiano em carne e osso, mais o Raulzito que canta dentro de minha alma. Pois, sempre tive um sonho em minha vida, ser professor, estudei feito um loco, sai do Rio de Janeiro para morar em Campinas, passei uma vida de cão, depois de dez anos ralando consegui um emprego em uma multinacional, finalmente estava estabilizado, ganhando o suficiente para uma vida sem exageros mais sem faltas, ate que terminei a faculdade de história e tomei uma decisão de abrir mão do emprego, me chamaram de louco, precipitado, inconseqüente, mais em mim existe um Raulzito.
            Então, assumi a coordenação de um curso de ensino à distancia, pequei algumas aulas e meti as caras, não posso dizer o que aconteceu, pois estou em transição e o futuro é incerto, mais existe em mim uma sensação de liberdade e felicidade tão grande que estou pensando em deixar o cavanhaque crescer, por óculos escuros ( já que não tem colírio)  pegar meu violão e cantar, então quando alguém gritar : “ TOCA RAUL!!!!” abrirei um sorriso e saberei que ele já toca em mim faz tempo.
           
             

Tião da Tijuca ou Tim Maia do Brasil?



            Tião era um menino rechonchudo e brigão que lá pelos idos dos anos quarenta ajudava seus pais que eram donos de uma pensão a entregar as marmitas.
            Muitas vezes Tião comia parte do conteúdo das quentinhas ou simplesmente as deixava na calçada para brincar um pouco ou jogar bola com seus amigos, e foi assim que Tião conheceu um menino magro e alto que vivia pela redondeza.
            O tempo passou e os meninos entraram na adolescência, e com ela surgiu uma nova maneira de ver a vida, era os tempos do Rock “II, Tião logo aprendeu a tocar bateria e violão e se apresentava em grupos nas quermesses das igrejas locais.
            Tião sempre muito extrovertido, engraçado e inteligente ensinou o alto e magro amigo a fazer as primeiras notas do violão. Em certo dia a campainha da casa de Tião toca e seu alto e magro amigo aparece com um desconhecido, um menino que acabara de chegar do Estado do Espírito Santo, o magrelo disse a Tião que o carinha cantava bem e queria ser famoso assim como Elvis.
            Sem perder tempo Tião que não era bobo convidou o tal carinha do Espírito Santo a cantar em uma conjunto de rock, nascia assim o mitológico e fracassado Sputiniks.
            As brigas eram enormes, Tião e o carinha se estranhavam o tempo todo, aliás, quase o tempo todo. Pois o local de ensaio ficava no porão da casa de Tião e eles paravam de tocar e de brigar para ficar olhando as pernas das meninas que andavam na calçada que ficava na altura de suas vistas.
            A gota d’água aconteceu após uma apresentação no programa Carlos Imperial, onde ao voltar da padaria onde foi comprar um lanche, Tião viu o carinha Capixaba cantando em solo para Carlos Imperial que o convidou para se apresentar na próxima semana sem os Sputniks.
            - Pô cara! Disse Tião: - Eu deixo você cantar  na minha banda e é assim que você me paga seu filho da ...
            A coisa ficou feia, Tião quebrou o violão e ficou possesso com a traição do carinha capixaba.
            Isso levou Tião a tomar uma decisão, ele conseguira com alguns padres uma passagem para os EUA, contou uma mentira que iria estudar televisão em Nova York  (Tião nunca ficava por baixo) e zarpou sem era e nem bera, sem saber falar uma palavra em inglês, sem dinheiro e sem perspectiva, queria fazer sucesso cantando por lá, mais o que conseguiu foi se viciar em drogas, passar fome e ser deportado por dirigir um carro roubado e sem habilitação       ( coisa que  nunca teve por toda a sua vida).
            E quando voltou deportado ao nosso país, Tião ligou a televisão e gritou o pior dos palavrões depois de ver bem quem estava na telinha.
            Era seu amigo magro e alto, aquele que ele ensinara a tocar violão, agora esse magricela era chamado de Erasmo Carlos “O Tremendão”, a coisa ficou pior depois que Tião observou o desgraçado do capixaba, ou melhor, o agora galã Roberto Carlos.
            Os olhos de Tião brilharam e ele pegou um ônibus para Sampa onde pretendia encontrar com os amigos. Ao chegar em frente ao teatro da TV Record Tião foi logo querendo entrar, mais foi barrado pelo segurança, bem que ele tentou argumentar dizendo que o Roberto cantava com Ele na Tijuca, e que ele ensinara o Erasmo a tocar violão e blá, blá, blá. Mas afinal, quem iria dar ouvidos a um negão, gordo, feio, com cabelo Black Power e ainda dizendo que cantava com o Roberto e que ensinou o Erasmo a tocar violão? Sem chance!
            Eis aí o grande divisor de águas, ou Tião voltava para casa, envergonhado, fracassado e deprimido, e passaria a vida inteira pobre e frustrado, tendo em casa um monte de discos de Roberto e Erasmo e ficaria contando que foi amigo deles e que poderia ter sido melhor ou igual ou ele seguiria seus sonhos e mudaria a sua história.
            Tião da Tijuca ou Tião marmiteiro como odiava ser chamado, não podia perder tempo, foi à luta, passou perrengue, morou de favor na casa do cantor Fábio, enquanto Fábio (famoso pela música Stela) levava para seu quarto uma bela mulher a cada noite, o gordinho Tião comia sonhos da padaria e dormia em um sofá desajeitado chamado carinhosamente de dromedário.
            O tempo passou, seus amigos ficavam mais ricos e famosos e Tião mais gordo e pobre, até que Tião radicalizou, faz campana em frente à casa de Roberto e quando a bela Nice ( esposa de Roberto no época) saiu para ir a praia Tião pulou a frente dela e contou a sua história e entregou uma fita com uma música, Nice fora educada e prometeu mostrar a música para o Rei.
            Pouco Tempo depois lá estava Tião na sala de Roberto com o seu violão velho e um gravador mostrando a sua composição para Roberto que prometeu gravar. E gravou um dos maiores sucessos da época e assim começava a mudar os ventos para o Marmiteiro Tião.
            O disco de Roberto saiu e o Brasil passou a cantar essa estrofe:
“HÁ MUITO TEMPO EU VIVI CALADO
MAS AGORA EU RESOLVI FALAR
CHEGOU A HORA, TEM QUE SER AGORA
COM VOCÊ NÃO POSSO MAIS FICAR
NÃO VOU FICAR , NÃO
EU NÃO VOU MAIS FICAR”
 Agora era só questão de tempo, e o tempo chegou, 1970, esse foi o ano da total metamorfose, 
Tião Marmiteiro se transformou em Tim Maia do Brasil,
o pai do Funck e Soul tupiniquim. A vida de Tim Maia do Brasil é inesgotável de história e lendas interessantes, mais esta me chama a atenção, pois a cada dia encontro com marmiteiros, pessoas talentosíssimas, inteligentes, criativas e que poderiam marcar a história, mais esses marmiteiros esqueceram seus sonhos, suas metas e alvos e se deixam levar pelas adversidades da vida. Muitos vêem os amigos darem certo e ficam a mercê disso tudo. Somos nós que decidimos se seremos Tião da Tijuca ou Tim Maia do Brasil! Faça a sua escolha.

This is it


Sempre fui fã inveterado do Michael Jackson, talvez por ser oriundo da década de oitenta onde ele esbanjava criatividade e revolucionava a musica POP.
Michael reinventou a produção de shows, o conceito do vídeo clipes os transformando em verdadeiros curtas metragens e gastando milhões em efeitos especiais, isto sem contar em sua voz extremamente afinada, seus arranjos perfeitos, sua maneira de vestir sempre trazendo o contraste da sua doçura com roupas e cara de garoto mau, isto tudo sem contar sua maneira de dançar extravagante, criativa e técnica,  isto que ainda não contabilizamos que ele é o maior vendedor de discos de todos os tempos.
Quem viveu a década de setenta e oitenta sabe que Michael era uma unanimidade, um artista completo e repleto de mistérios que serviam para turbinar sua imagem, diziam que ele dormia em um caixão para não envelhecer, que após a sua morte iria congelar - se para que um dia a medicina o pudesse  ressuscitar, diziam que em sua casa ele criava um elefante em seu quintal ( isto era verdade), ou como conseguira mudar de cor  ( Bleck or Whith?) e suas constantes operações plásticas.
Michael foi incrível, um dos poucos artistas que conseguiram fazer duas coisas terríveis comigo, a primeira é me deixar enquanto escrevo sem adjetivos para descreve – lo e a segunda é me fazer chorar quando chequei em casa e li na internet que ele havia morrido.
Eu seria piegas se essa crônica acabasse aqui apenas ressaltando os feitos artísticos e polemicas envolvendo o rei do pop, mais tenho que ir mais fundo, pois somente após a sua morte nós fãs, curiosos e outros que o detestavam tivemos a oportunidade de realmente conhece –lo.
Isto se deu quando assisti o documentário “This is it”, vi o filme meio desconfiado, achei a princípio uma baita forçassão de barra lançar um documentário  logo após a sua fatídica morte, achei  que estavam explorando a sua imagem e minha primeira reação foi de não querer ver, mas, como a curiosidade matou o gato, lá estava eu na sala da minha casa de olho na TV e nunca mais esquecerei da lição que aprendi.
Todos que assistiram “This is it “elogiaram o filme que mostra os ensaios do que seria a ultima turnê do artistas, uma maratona de cinqüenta shows que comemoraria seu aniversário e iria servir para reanimar suas finanças, mas os que assistiam elogiaram a bela produção, a qualidade dos dançarinos, dos músicos e até a boa forma que se encontrava Michael, dançando como nunca e cantando maravilhosamente.
Mas o filme é mais que isto, o filme mostra como um ser humano deve se portar diante do seu semelhante, embora fosse um POP STAR, Michael tratava a todos com um respeito e uma educação que me constrangeu, usava a palavra mágica “por favor”, agradecia e gentilmente  pedia e orientava seus comandados, não havia como seus súditos negarem seu pedido ou se sentirem diminuídos, é nítido no filme a alegria e motivação deles em trabalhar no projeto, não porque simplesmente estavam trabalhando com o Michael, mas como eles estavam se sentindo respeitados, valorizados e motivados a isto.
Michael me ensinou com luvas de pelica que quanto maior nossa posição, quanto mais somos visto e admirados não podemos acreditar que isto no faz superiores, na verdade, somos espelhos que devem refletir o nosso melhor, e fazer que as pessoas nos admirem não pelo que conquistamos, pelo que temos ou pela nossa posição, mais pelo que somos.
Michael foi um gentleman, aplaudia seus dançarinos, vibrava com os vocais e entrava em êxtase com a competência dos seus músicos e, mesmo quando tinha que chamar atenção o fazia com maestria, sem erguer a voz ou demonstrar  descontrole ou coisa do tipo, ele apontava o erro e todos refaziam a tarefa com um sorriso no rosto.
Michael sabia aplaudir, sabia olhar nos olhos e dizer a verdade sem magoar ou humilhar, pois, aquela era a sua equipe, escolhidos a dedo, eles eram a base para o sucesso de seu projeto, eles eram tão importantes como ele e Michael sabia disso.
Sua generosidade e humildade estavam acima de seu talento e este talvez  seja o segredo do sucesso.
Então, This is it.
 

Os Beatles corporativos


Você conhece os Beatles? Claro que sim, mas que pergunta idiota que eu fiz você não acha? Bem, mais será que conhece mesmo?
            Se você for beatlemaniaco irá dar os nomes das musicas, vinis e dos quatro integrantes da banda em fração de segundos, caso esse não seja o seu caso você pelo menos sabe quem foram eles, e sabe que foram a banda mais influentes do século XX.
A banda que revolucionou o conceito do show bizz, revolucionou a musica em seus mais profundos aspectos, ou seja, como se canta, se toca e compõe, resumindo, como se faz e se ouve musica.         
            Mas se eu lhe disser que a história poderia ser diferente, que tinha tudo para dar errado você acreditaria?
                        Como eles conseguiram chegar aonde ninguém nunca haviam chegado? Como conseguiram tamanho sucesso? Tamanho reconhecimento? Tamanha fortuna? Parece um mistério mais é simples de decifrar.
Portanto, gostando ou não dos Beatles acho que vale apena você tentar chegar ao final desse texto.
Caros leitores desculpem minha indiscrição e vou ser direto, Os Beatles foi a banda mais feia que eu já vi (tirando os Huguenotes banda que fiz parte durante cinco longos anos).
 Ringo com seu baita narigão, Jorge com seus dentes encavalados, Paul com seus olhos de peixe morto e John com seus olhos pequenos e um nariz que parece brotar do centro de sua testa ( no final da carreira ele me aparece com a Yoko Ono, poxa vida isso é de matar qualquer um!)
Apenas por curiosidade, antes do Ringo entrar na banda por volta de 1961 o baterista se chamava Pete Best ( a banda ainda se chamava Skiflle) e o tal Pete Beste foi expulso da banda sabe porque? Por ser bonito, o cara tocava muito mais que o Ringo ( há controvercias) mais era bonito demais e as meninas gritavam somente o nome dele e por isso o demitiram, colocando o horroroso Ringo Star no lugar.
Bem, os problemas não eram só de estetica, pois na mesma época da saida de Pete tambem saiu o baixista Stuart Sutcliffe que além de ser um pessimo musico tinha mania de tocar de costas para a plateia, depois de um tempo ele viria a morrer misteriosamente aos vinte e um anos de idade, dizem que foi por decorrencia de um chute que John Lennon deu em sua cabeça, mais nada ficou claro.
Daí mais  uma crise,  pois, Poul que sempre foi o mais talentoso teve que deixar a guitarra e ir tocar contrabaixo, na época ( como até hoje) o contrabaixo é um instrumento que a maioria não quer, ele serve muitas vezes como prêmio de consolação ( sou baixista e falo com propriedade), na época os baixista de rock eram os piores musicos, não era o caso de Paul, mais ele encarou e mesmo sendo o melhor musico da banda teve que se contentar com o instrumento de menor pretigio.
Com a formação definitiva: Paul, Lennon, Jorge e Ringo os Beatles em pouco tempo estavam fazendo algum sucesso em Leverpoll, encontrando o produtor Jorge Martin que  resolveu investir neles.
Bem, ele quase desistiu, pois os caras estavam ainda um tanto “crú”, Lennon desafinava demasiadamente e tocava mal o seu violão ( arranhava bem na gaita, mais qual banda vive de um bom gaiteiro?), Ringo atravassava ou corria o tempo das músicas, Jorge não sabia lá muita coisa de guitarra, apenas algumas escalas e algumas notas, muito pouco para quem gostaria de ser um profissional, além de tudo os estudios eram pessimos, não havia estrutura e qualidade, tudo tinha que ser gravado em um dia só, pois eram muito caros ainda mais para gastar com quatro caras que anunciavam um fracasso estrondoso.
Ai vem a grande virada!!!!
Os Beatles viraram um time, uma equipe e focaram em um alvo: o sucesso, e para isso levantaram a cabeça, reconheceram suas limitações e  demarcaram os pontos fortes,  traçaram uma estratégia e partiram para cima     ( sangue nos olhos)
Sabe Como?
Com muito Trabalho, se trancafiaram nos estudios onde ali compunham, ensaiavam, estudavam, trocavam ideias, brigavam bastante e  tocavam e tocavam sem parar, e assim começaram a produzir muita coisa boa, não existe sucesso ou exito sem esses itens bem definidos: sonho, equipe, trabalho, criatividade, produção, estudo, força de vontade e  planejamento, tudo isso alinhado ao talento e com persistencia os resultados são naturais e quase instantaneos, a banda se desenvolvia e começava a alçar um alto vôô.
 Emeirando – se  dia a dia, pagavam o preço, suavam a comisa, consequiram pegar todos os fatores contrários e transforma – los em algo a favor, a gaita de Lennon foi usada em muitas musicas que posteriormemte se tornatiam classicas como em “Love me do” por exemplo.
Sua voz levemente desafinada serviu para por peso nas canções, já que elas ficavam sem força por falta de equipamentos adequados, Paul fez do contrabaixo um novo instrumento, suas bases revolucionaram a época e deram um novo ritimo a musica de seu tempo, Jorge introduziu sua maneira singular de tocar sua guitarra, logo era percebida e diferenciada de qualquer outra de banda de rock.
E o Ringo? Simplesmente aprendeu a não atrapalhar os outros e a tocar no tempo certo da musica, além do mais, para dar um charme especial tiverama ideia de  juntarem as vozes, John, Jorge e Paul aprenderam a cantar juntos e fizeram de tres vozes distintas algo unissono, ou  seja,  consequiram formar um estilo proprio, formaram sua propria personalidade e uma maneira unica de fazer as coisas, isso é fundamental para quem quer ter exito na cerreira.
Para fortalecer o espirito de equipe eles fizeram algo inovador, nas apresentações ao vivo ou na tv  a  banda que  tinha dois vocalistas principais posicionava cada um de um lado oposto do palco, Poul direita, John na esquerda e  no centro Jorge e sua guitarra, para que isso? Como haviam poucas cameras( no máximo tres) uma no centro e as outras duas em cada extremidade do palco isto gerava uma ótica fantastica, pois de qualquer foco a banda inteira aparecia no video, sempre quando um telespectador olhava para a tv viam lá os quatro, de qualquer ponto os Beatles estavam completos e juntos.
Como uma explosão atômica a  banda estourou não só na Inglaterra, mais também nos E.U.A e depois no mundo inteiro, muitos shows, apresentações, mulheres se derretendo e o tão sonhado sucesso chegou, mais eles não se derem por satisfeitos. Alias, era apenas o inicio.
Muitos profissionais trabalham muito assim como os Beatles, consequem fazer parte de uma equipe, se dedicam, amadurecem e depois  acomodam – se.
Cuidado com isso, os Beatles antes dos trinta anos estavam ricos e tinham vendidos tantos discos que poderiam apenas esticar as pernas e jogar tudo para o ar, mais eles tinham um foco, um alvo e motivação, eram uma equipe forte e determinanda que nunca se abatia e estavam determinados  a não se acomodaram nunca, queriam sempre algo mais, e é esse algo mais que não nos permite parar nunca.
A história segue, mais quero parar por aqui, pois quero usar os Beatles apenas como um exemplo simples  de que  sonho alinhado a  ousadia, inteligencia, espirito de equipe, inovação, talento e trabalho pode revolucionar o mundo e gerar resultados nunca alcançados ( sucesso), ou seja, podemos nos lançar em um projeto e usar até as nossas  limitações ( lembre – se como eles eram feios?) a nosso favor, os fatores que nos parece mais inutil, fora de contexto e  de estetica, podem ser uma chave, suas limitações podem gerar inovações e seus talentos gerarem criações autenticas.
Por isto, Beatles é mais que uma banda,  é um estilo de sucesso prático.

O perna – de – pau campeão.

            No mundo do futebol sempre fui considerado como um perna – de pau, ou seja, o cara se nenhum jeito para coisa, sem estilo, sem habilidade ou domínio de bola, sem  velocidade ou força física e, para piorar eu tinha um problema na coluna que  me impedia de correr por muito tempo, ter mobilidade e sentia muitas dores, isso me deixava ainda pior.
            Tive que nascer um perna – de -  pau logo para o futebol, o esporte mais popular do país, o esporte onde a maioria dos pais querem ver seus filhos se darem bem, nasci sem nenhum jeito para o esporte que muitos sonhavam em profissionalizar – se ( inclusive eu até eu me dar conta que nem para gandula serviria).
            Senti por muito tempo o peso de ser um irremediável perna – de pau, pois, pernas – de -  pau são considerados como seres de uma casta inferior, são hostilizados, xingados, expulsos das peladas de domingo e por muito tem que se contentar mesmo em ficar de fora só olhando, ou vale apelar de vez,  comprando uma bola para obrigar os colegas a os escalar, caso contrario levaram a pelota embora, e aí, fim de partida ( agora entendo porque mamãe sempre me dava bolas novas de presente).
            Mas houve um dia em que tudo foi diferente, existia um timinho na rua da casa da minha avó, esse time era formado somente por camaradas, alguns dos meus primos, meu irmão e colegas que gostavam muito de mim, como não éramos muitos ganhei uma camisa do time, eu era o numero oito, e descobri que iria para um grande e importante jogo, mais não como titular absoluto, não como o craque ou como o goleador, eu seria o reserva. 
Enfim, chegara o dia do grande clássico: Morro da Cocada X Caminho do Manhoso, e lá estava eu sentado no banco (banco no modo de dizer) na verdade estava debaixo de uma grande árvore sentado sobre a sua raiz, era eu o reserva do grande Morro da Cocada.
            O jogo foi difícil, os meninos adversários eram maiores e o jogo era no campo deles, havia até torcida, a pressão estava grande, jogo catimbado e nervoso, até que ainda no primeiro tempo meu irmão Sandro fez o nosso primeiro gol, os caras do Caminho do Manhoso ficaram loucos, e partiram para cima, e logo empataram 1X1, que jogo dramático.
            Veio o segundo tempo e parecia que iramos tomar um coro dos caras, colocaram bola na trave, perderam um pênalti e jogavam muito melhor que nós, mais tínhamos raça e lutávamos muito para fugir da derrota, e eu tomei uma atitude, comecei a pedir para entrar na partida, gritava a todos os pulmões que queria jogar, não iria ficar na reserva, estava criando mais um problema para o nosso capitão, pois além dos problemas em campo ele tinham aquele perna  - de  - pau pedindo pra entrar.
            A torcida vendo o meu desespero começou a chiar e a reclamar (a maioria formada pelas mães dos meninos adversários) essas mães compartilhando comigo a angustia de ser reserva e estavam revoltadas pedindo para me colocar nem que fosse um pouquinho.
            Assim, aos quarenta minutos do segundo tempo ganhamos um escanteio, seria talvez a nossa última chance, o capitão pediu para meu irmão sair (meu irmão era um dos craques do time) e fez um sinal para que eu entrasse, meu irmão passou por mim e me olhou nos olhos, parti em disparada para dentro da área inimiga, me posicionei um primo meu que jogava no time adversário gritou que não precisavam se preocupar em me marcar, pois, eu era um perna – de – pau e a própria natureza se incumbiria disso.
            A bola partiu do corner direito, subiu alto e veio cair no meio da área, o zagueiro adversário tentou tirar com a cabeça, a bola resvalou nele e quicou na minha frente, ou melhor, nas minhas costas, pois estava de costas para o gol, sabe lá Deus como, eu impulsionei o corpo em uma quase bicicleta e  bati  com toda a força na bola que entrou no canto do goleiro, UM GOLAÇO!!!!!!!
Levantei todo sujo de areia e vi os amigos felizes correndo em minha direção, ao olhar para o gol a bola estava lá dentro, os adversários murmurando e o goleiro se levantando lentamente, então entendi, eu, o reserva, agora era o salvador da pátria, fui aclamado, gritaram meu nome, abraçaram – me, me deram até um refrigerante, e quando contei para o meu pai nem ele acreditou.
Mais, como alegria de pobre dura pouco, no próximo jogo eu iniciei como titular absoluto, mas, aos cinco minutos de jogo tudo voltou ao normal, chamaram meu irmão para entrar e me consolaram dizendo:  - Sergio, volta para a reserva, lá é o seu lugar. Assim acaba minha carreira meteórica no futebol.
 Mais na vida de  reserva ainda iria me acompanhar.
Era mais dia do mês de vendas, um dia estressante e difícil, onde, como se diz na gíria de vendas: “uma correria”, pois necessitava bater ainda algumas metas para melhorar meu salário, até que no final do dia meu celular tocou e meu chefe pediu para eu passar na empresa assim que terminasse o serviço, assim o fiz.
Chegando ao escritório ele me disse que a conversa seria com os gerentes, engoli seco e por um minuto pensei o pior, fiquei ali esperando um pouco e logo nos chamaram, já que não era o único (havia mais um amigo no mesmo barco que eu).
Os gerentes enfatizaram nossas qualidades, massagearam nosso ego, ressaltaram nossas honestidade e fidelidade a camisa da empresa, falaram sobre remuneração e que não tinham nada que nos desabonasse muito pelo contrario éramos acima de qualquer suspeita e após esse rodeio todo veio a noticia, eu e meu amigo estávamos na reserva.
Meu amigo engoliu seco e em seus olhos havia frustração, ele estava desconsolado e em busca de uma explicação, decepcionado, se sentindo diminuído e rebaixado a segunda classe.
Mas eu Já havia passado por isso antes, abri um sorriso. Agradeci, enchi o peito de ar e a cabeça de idéias e sai aliviado. Lá fora abracei meu amigo e tentei anima – lo, eu era o reserva mais feliz do mundo.
Reserva em nossa empresa é o vendedor que não tem rota fixa, ou seja, não tem carteira de cliente, o reserva é o cara que cobre as férias, licenças e tapa os buracos, e por muito tempo eram colocados nessa situação profissionais novos de casa, sem experiência necessária ou que eram desqualificados ou indisciplinados.
Por culpa de nossa cultura futebolística em nossa empresa os reservas eram os pernas – de pau, seres de casta inferior, péssimos profissionais, muitos colegas chegavam de canto e murmuravam algo como:  - Você de reserva? Como pode isso? Você é bom cara!
Pois é, ser reserva pode ser um problema para o ego profissional, pode ser algo desmotivador, pode nos fazer pensar que estamos em segundo plano e a um passo da porta da rua, ser reserva pode ser para muitos um atestado de perna – de pau, mais para mim não foi, sabe por quê? Porque não jogo futebol.
Isso mesmo, no mundo dos esportes o futebol de campo como chamamos no Brasil é um dos poucos esportes onde ser reserva pode transparecer falta de técnica, experiência e outras qualidades, o futebol é um dos poucos esportes que reservas parecem pernas – de pau esperando uma chance (assim como eu quando criança).
No vôlei, por exemplo, existem jogadores reservas que são preparados para condições específicas como: sacar, bloquear ou defender, eles entram fazem  o que tem que ser feito ( e muito bem por sinal) e voltam para o banco, assim é no futebol de salão, basquete e na maioria dos esportes coletivos, só no futebol de campo e na empresa que trabalho sofremos do “paradigma do perna – de pau”.
Por isso mudei de esporte, passei a olhar – me como o jogador específico, me transformei no homem que entra para levantar a bola para o atacante detonar com o adversário, virei o bloqueador dos ataques inimigos, virei o arremessador perfeito que não erra um tiro de três pontos, virei o armador que executa perfeitamente o que o técnico manda, me especializei – me em vender, negociar e atender com presteza, passei confiança para os meus colegas e superiores deixando claro com resultados que estou preparado para ajuda – los vencer.
No esporte chamado mundo corporativo a bola rola e somente os que entendem a sua posição e seu papel na partida chegam à vitória, somente aqueles que treinam até a exaustão, que tem raça e garra, somente os que têm força interior e preparo cruzam a linha de chegada e levantam o troféu.
Assim, entendi que o reserva é o que treina mais, é o cara disciplinado, focado, tem técnica apurada e tem a oportunidade de jogar com todos os companheiros.
Reservas podem passar por várias posições, por isso são privilegiados, pois aprendem a observar quando estão no banco e quando entram na partida tem a visão de alguém de fora e assim uma visão mais ampla e diretiva, reservas ficam mais tempo ao lado do técnico e quando são escalados ganharam mais que uma vaga, ganham um voto de confiança. Reservas são os que nos surpreendem.
Portanto, ser reserva não me fez um perna – de pau, me fez um craque, não me deixou pensando em desistir, muito pelo contrário, me deu mais força para ganhar a partida, os titulares que se cuidem.
 E, entendi finalmente que o que faz o profissional de sucesso não é onde ele está, mais como ele está, e eu estou preparado, em forma, e louco pra entrar em campo.
Posso ser reserva, mais a partida ainda nem começou.