domingo, 30 de outubro de 2011

O roqueiro e o patriarca.



            Rock in Rio 4, quando ouvi este nome corri para ver quem viria para aqueles dias de festival, li toda a programação e  meus olhos brilharam quando cheguei no último dia, estava confirmado os Detonautas ( para mim de longe a melhor banda de rock nacional em atividade), mais como já vi eles ao vivo não liguei muito, pois a atenção estava na ultima atração, os Guns n’ Roses.
            Meu coração bateu mais forte, logo minha mente me levou aos meus inocentes e áureos tempos da adolescência onde fui apresentado à banda. Quando pensamos nos Guns  automaticamente somos levados a pensar em uma mistura musical mais potente que TNT, Axel e Slesh, realmente os Guns n' Roses foram algo fora do comum durante a década de oitenta e inicio da noventa.
            Corri na internet para tentar comprar os ingressos para ultima noite, para minha surpresa justamente eles foram os primeiros a acabar, confesso que no inicio fiquei um pouco decepcionado, frustrado e triste, meu sonho era ver um show dos caras e acho que não terei uma nova chance. Mas, confesso que quando colei meus olhos naquela madrugada na Tv não acreditei no que vi e agradeci a Deus por não ter gasto meu rico dinheirinho com aquilo.
            Chovia muito e o show estava atrasado, a câmera focalizava os rostos na platéia, eu observava pessoas que talvez a idéia de rock que tinham é Restart e NX Zaro, talvez elas estivessem ali por conta de ouvirem falar ou de alguns vídeos do YOU TUBE, também havia balzaquianos e coroas, todos ansiosos, eufóricos e impaciente com a demora. Mas quando as luzes ascenderam os primeiros acordes tocaram e ele apareceu realmente o que eu temia aconteceu.
            Houve um camarada que foi considerado talvez um dos maiores nomes da religião mundial, considerando o maior dos profetas, o primeiro a escrever um código de ética ( dez mandamentos) e a ele é atribuído a autoria dos livros bíblicos de Genesis, Êxodo, Levídico, Números e Deuteronômio os chamados Pentateuco, alem de tudo foi o que conseguiu organizar uma religião monoteísta  e uma nação grandiosa, estou falando de Moises o libertados do povo Judeu.
            Pode parecer sem nexo o que estou escrevendo, Axel Rose e Moises? Nada haver! Pois é, poderia se eles não tivessem tanto em comum.
 Conta – se que quando Moises desceu do Monte onde ele subia para falar com Deus o seu rosto brilhava e resplandecia um luz, mais aconteceu que esta luz apagou e o Grande profeta improvisou, colocou um véu sobre seu rosto de modo que as pessoas pensavam que ele ainda tinha a luz, mas a luz já havia apagado a muito tempo, Moises estava decadente, vivia apenas de uma glória que um dia já havia brilhado.
Por isso Moises e Axel tem tanto em comum, Quando Axel iniciou a primeira música eu ri, mais ri muito, pois ele entrou fora do tom, desafinado e disfarçadamente colocou a mão no volume do microfone como quem diz: “ a culpa é toda sua!”, depois disso o que vimos foi um Axel gordo, sem voz,  sem ar, sem presença de palco... sem luz.
A decadência vem para profetas e roqueiros, o tempo de luz passará, os dias de glória acabarão, o fim vem para todos, mais dia ou menos dia seremos apenas sombra de nós mesmos, uma lembrança vaga.
Cabe a nós vivermos a glória e a saudarmos quando ela deixa de brilhar, não tentar disfarçar com um véu ou com a mão no volume do microfone onde a nossa voz já não é mais audível.

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