Um
garoto negro e pobre, vivendo em um
país com vários problemas econômicos sociais, um país sem oportunidades de
emprego ou ascensão. Esse era o Brasil da década de quarenta e cinquenta
e nessa realidade vivia o jovem Wilson que sem titubiar arrumou um
emprego com Carlos Imperial quer era na época um tipo de Luciano Huck.
A
ascenção fora rápida, Wilsinho levava os instrumentos dos artistas e em pouco
tempo já era o homem de confiança do
senhor Imperial, e nos estúdios de TV ele viu nascer talentos como Robertos
Carlos, Tim Maia e Erasmo Carlos, mais
Wilson era mais que um assistente, ele era dono de um carisma absoluto, um narigão que dava a ele um certo charme,
um molejo incrível, uma voz aveludada e
um swing, há! Que swing sem igual, esse era Wilson Simonal.
O
negrão virou o primeiro pop estar do país, mais de trezentos shows por
ano, um sucesso atrás do outro, milhões
de discos vendidos, fama, dinheiro, carrões e mulheres, estádios lotados e em
uma época em que os sistemas de som eram primitivos e muitos cantores não
gostavam de fazer shows ao vivo, ele vinha
e deixava o povo cantar.
Simonal
arrepiava, sabia chamar a plateia para uma interação, as pessoas não iam ve –
lo cantar, iam cantar com ele, um país tropical abençoado por Deus é um hino
cantado no teatro da Record, nos estádios de futebol e na casa
de cada um cidadão de nosso pais, uma marca registrada que fez Wilson Simonal o
Rei da cocada preta.
Foi
quando no final da década de sessenta a ditadura apertou a censura, então necessitavam de um bode expiatório, adivinhem quem foi o
eleito? Ele mesmo, o nosso rei da cocada fora acusado por seu contador de
delatar seus amigos artistas, nada fora
provado, mais fez de Wilson a primeira estrela cadente da constelação de
artistas.
A
estrela cadente caiu no mar do ostracismo,
renegado, apagado da história, seus discos deixaram de ser
presados, sua forte imagem uma mera
lembrança, todos se afastaram, como disse o cartunista Ziraldo: “Ninguém o defendeu”, seja por medo ou por covardia,
logo o rei da cocada preta estava sem trono, sem cocada e sem as pretas que o
cercavam nas capa da revista cruzeiro.
O
ostracismo existe e nos ronda como um fantasma ou uma nuvem carregada de
trovoes e raios, quem não tem medo de
ser esquecido, de ser abandonado pelos
filhos ou bandido do mercado de trabalho?
Ostracismo
pode ser o fim ou o recomeço, ele pode ser um meio, uma ponte, um casulo
de metamorfose, um período de reflexão sincera, de voltarmos para dentro
de nós e projetarmos novos parâmetros,
metas e objetivos, Ostracismo nos afasta de pessoas sem valor e nos
próxima de poucas que realmente são
valorosas, nossas mascaras caem, nossos
personagens perdem a graça e fica apenas quem nos realmente somos. Então,
encontramos no fundo da alma o sentido real de viver, o caminho para
felicidade, verdadeiros valores, amores, medos, sonhos e impressões.
Sabe,
acho que o ostracismo não é tão má ideia assim.
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