sábado, 13 de outubro de 2012

Onde está o rei da cocada preta?


 

                Um garoto negro e pobre,   vivendo em um país com vários problemas econômicos sociais, um país sem oportunidades de emprego ou ascensão. Esse era o Brasil da década de quarenta  e cinquenta  e nessa realidade vivia o jovem Wilson que sem titubiar arrumou um emprego com Carlos Imperial quer era na época um tipo de Luciano Huck.

                A ascenção fora rápida, Wilsinho levava os instrumentos dos artistas e em pouco tempo já era o homem  de confiança do senhor Imperial, e nos estúdios de TV ele viu nascer talentos como Robertos Carlos, Tim Maia e  Erasmo Carlos, mais Wilson era mais que um assistente, ele era dono de um carisma absoluto,  um narigão que dava a ele um certo charme, um  molejo incrível, uma voz aveludada e um swing, há! Que swing sem igual, esse era Wilson Simonal.

                O negrão virou o primeiro pop estar do país, mais de trezentos shows por ano,  um sucesso atrás do outro, milhões de discos vendidos, fama, dinheiro, carrões e mulheres, estádios lotados e em uma época em que os sistemas de som eram primitivos e muitos cantores não gostavam de fazer shows ao vivo, ele vinha  e deixava o povo cantar.

                Simonal arrepiava, sabia chamar a plateia para uma interação, as pessoas não iam ve – lo cantar, iam cantar com ele, um país tropical abençoado por Deus é um hino cantado  no teatro  da Record, nos estádios de futebol e na casa de cada um cidadão de nosso pais, uma marca registrada que fez Wilson Simonal o Rei da cocada preta.

                Foi quando no final da década de sessenta a ditadura apertou a censura, então  necessitavam de  um bode expiatório, adivinhem quem foi o eleito? Ele mesmo, o nosso rei da cocada fora acusado por seu contador de delatar seus  amigos artistas, nada fora provado, mais fez de Wilson a primeira estrela cadente da constelação de artistas.

                A estrela cadente caiu no mar do ostracismo,  renegado, apagado da história, seus discos deixaram de ser presados,  sua forte imagem uma mera lembrança, todos se afastaram, como disse o cartunista Ziraldo: “Ninguém  o defendeu”, seja por medo ou por covardia, logo o rei da cocada preta estava sem trono, sem cocada e sem as pretas que o cercavam nas capa da revista cruzeiro.

                O ostracismo existe e nos ronda como um fantasma ou uma nuvem carregada de trovoes e raios,  quem não tem medo de ser esquecido, de ser abandonado pelos  filhos ou bandido do mercado de trabalho?

                Ostracismo pode ser o fim ou o recomeço, ele pode ser um meio, uma ponte,  um casulo  de metamorfose, um período de reflexão sincera, de voltarmos para dentro de nós e projetarmos novos parâmetros,  metas e objetivos, Ostracismo nos afasta de pessoas sem valor e nos próxima  de poucas que realmente são valorosas,  nossas mascaras caem, nossos personagens perdem a graça e fica apenas quem nos realmente somos. Então, encontramos no fundo da alma o sentido real de viver, o caminho para felicidade, verdadeiros valores, amores, medos, sonhos e impressões.

                Sabe, acho que o ostracismo não é tão má ideia assim.

 

 

 

 

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