domingo, 11 de setembro de 2011

Nando Reis e meu dia Infernal.

Um belo dia andando por uma loja de variedades olhei um CD que me chamou a atenção, não só por sua capa um tanto extravagante ( um desenho meio mau feito do cantor com o violão), mas pelo nome dado:  Infernal.
Assim, peguei – o na mão e conferi o seu interprete, Nando Reis, recordava - me  dele ainda nos tempos dos Titães, lembrei que ainda não tinha ouvido nada por inteiro depois que saiu da banda, só ouvira  as músicas isoladas na Tv e no rádio, mas para mim isto não basta, tinha que ouvi – lo por inteiro por isso levei o infernal para casa.
Meu telefone não parava de tocar, era final do mês e eu estava negativo na cota, a pressão estava grande, estávamos com problemas na entrega de nossos produtos e os clientes estavam dispostos a descarregar sua ira em meus ouvidos, sinceramente não estava lá naqueles dias chamados bons, minha esposa estava meio de bico comigo e por um motivo que nem eu mesmo sei, meu supervisor me ligava e reclamava incessantemente das metas não batidas e outras coisas a mais, enfim, tava de saco cheio e ainda por cima debaixo de um calor infernal.
Infernal? Foi isso que pensei, aquele Cd que comprara a alguns meses e que ainda não tinha ouvido, peguei – o e coloquei no aparelho de som do carro, mas que desastre, odiei o que ouvi, fiquei mais bravo do que estava, o som parecia arranhar meus ouvidos, praguejei contra o Nando por ter gravado algo tão pífio e me culpei de ter pago um valor que dava para comer algo que realmente valesse apena e sem pensar duas vezes mandei o Infernal para o Inferno.
O tempo passou e aquele Cd continuava lá, dentro do meu porta – CDs, eu passava e repassava por ele e lembrava daquele fatídico dia em que o ouvi, mas tudo seria diferente, outro mês viria e tiraria infernal do purgatório.
Estava feliz, sim muito feliz, consegui bater a cota do mês e ganhar o premio  extra oferecido pala empresa, minha mulher estava um amor, os entregadores e motoristas resolveram trabalhar e o grande calor agora era um dia fresco e agradável dia, resolvi ouvir algo, e entre Tim Maia, Beatles, Detonautas e Maria Rita percebi o desprezado Nando Reis, coloquei o Cd no aparelho do carro e me surpreendi, Infernal era divino, um Cd muito bem tocado, contendo arranjos criativos, musicas inéditas, em inglês e regravações, fiquei admirado, ouvi – o durante todo o dia e hoje é um dos meus prediletos, assim aprendi uma grande lição:
Dias ruins não são um fim em si mesmo, muitas vezes nossas negociações dão errado não porque somos péssimos profissionais ou que nossos produtos sofrem rejeição, nossas negociações não acontecem muitas vezes porque o cliente ou até mesmo nós profissionais estamos vivendo um dia infernal.
Claro que isto não pode ser usado como desculpa pelos maus vendedores, mas nós verdadeiros homens de negócio temos que ter este faro, chegamos no cliente e ele nos dá pouca atenção, ou simplesmente se nega a olhar nosso Portifólio de produtos, ou mudamente sinaliza que não quer nada, pois é, o problema não é você, mais o dia infernal.
Meu conselho, respire, pense em uma estratégia e reze para que na próxima visita o dia infernal tenha passado.
O Cd é ótimo mais por causa de meu inferno astral reneguei e rechacei uma obra prima, muitos clientes fazem isto, perdem ótimas oportunidades de negócio, deixam de lucrar pois não tiveram paciência de ouvir uma proposta irrecusável.
Dias infernais acontecem com os vendedores, clientes e até com ótimos cantores, mas os dias passam e para quem tem obstinação e garra o infernal fica só na canção.

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