domingo, 11 de setembro de 2011

O vinil e a qualidade profissional.

           A cada década temos visto e tentando acompanhar as mudanças tecnológicas, a cada mês novos lançamentos tem movimentado a indústrias tecnológicas e por mais que tentemos nos atualizar as novidades são enormes e distribuídas nas lojas muito rapidamente, mal acostumamos com os MP3, aí já veio o MP4 MP5 etc. (já nem sei em que numero os MPs estão, ou se eles ainda existem) isto nos deixa a sensação de que estamos ficando para trás, que estamos desatualizados e sempre no passado.
Bem, cada década exige também um tipo de profissional, e o perfil tem mudado mais rápido que os MPs, as empresas estão cada vez mais vorazes em buscar o profissional que se encaixe dentro de suas expectativas e esse profissional tem que ter algumas características que estão ligadas intimamente a realidade tecnológica, ou seja, o profissional hoje tem que ser um Ipod.
Os Ipods são aparelhos em primeiro lugar baratos, cabem em qualquer lugar, são práticos a sua maior qualidade é que conseguem guardar milhares de informações, musicas, vídeos, livros, jogos etc. tudo em um só aparelho, dispensando aparatos como fios, TVs, câmeras de vídeos e  aparelhagens de som, está tudo ali, naquele pequeno aparelho.
Os Ipods podem armazenar de maneira rápida, pratica, barata e em grande escala as informações que desejamos com definição e qualidade de altíssimo nível, em um pequeno aparelho podemos armazenar todas as musicas que ouvimos durante a vida e ainda sobra espaço.
Assim é o profissional de hoje, além de barato ele tem que ser versátil, ou seja, tem que saber fazer perfeitamente várias coisas ao mesmo tempo ( ou fazer por varias pessoas)  e de maneira rápida,  com alta qualidade, competência e maneira prática, pró ativa e ágil, além de demonstrar um poder de armazenamento de informação enorme, um profissional tem que ter mais de 10 gigabytes de cérebro só para sua rotina de trabalho.
Esses são os nossos dias, não tem como mudar, temos que nos adaptar e buscar essas características  se não meu caro você não passara de uma fita K7 desempregada.
            Sinceramente tenho tentado ser um Ipod profissional, tenho tentado desenvolver as características acima e assim galgar o tão sonhado sucesso profissional e um lugar ao sol, mas cada dia tem se tornado mais difícil, pois estamos sendo ultrapassados por novas tecnologias.
Essas novas tecnologias são esses garotos recém saídos da faculdade que invadem o mercado de trabalho cada dia mais bem preparados, parecem que já nasceram bilíngüe e com diplomas de pós - graduações e antes de aprenderem a andar já dominam as técnicas de informática, internet e tudo mais, e o pior que  por uma oportunidade de trabalho  eles topam ganhar menos e nós nos sentimos um velho PC Pentil 100.
Mais esses Ipods recém formados podem ter em si todos características práticas e técnicas que o mercado empresarial preza, mais isso não é tudo, ter conhecimento ( diplomas, cursos, MBE etc.) é bom, mais não é tudo, ser versátil é ótimo, mais não é tudo, ter alta qualidade é vital, mais não é tudo , ser barato é triste mais não é o fim, os Recursos Humanos buscam IPods de imediato, mais com o tempo eles percebem que na verdade o que eles buscam é o bom e velho vinil.
Sim! Lembra – se deles, os velhos bolachões negros, que foram usados por quase todo século XX e hoje estão abandonados em sebos ou viraram peça de decoração, os Ipods demonstram praticidade e resultados imediatos mais só os vinis nos mostram princípios.
Muitos profissionais Ipods desconhecem essa palavra que assim como os vinis estão esquecidas, acredito que os Ipods são uma tendência e necessidade de mão – de – obra de hoje, mais o vinil é eterno, sabe porque? Por que tendências e tecnologias passam, mais princípios são eternos.
Mas, o que o vinil tem haver com princípios éticos?
 Quem nasceu até a década de oitenta vai agora viajar comigo, quem nasceu depois vai só sentir a marola e tentar imaginar como era ter um vinil, pois ter um vinil envolvia mais que simplesmente ouvir uma música, quem quisesse ter um vinil necessitava mais que gosto musical, necessitava de foco, cuidado, atenção e reconhecer a limitação.
Então vamos dissecar o assunto.
Foco
 Os vinis não eram baratos, custavam caro, não havia internet para baixarmos os discos, então tínhamos que nos planejar financeiramente e lógico saber o que comprar, pois, comprar um disco ruim ou errado era jogar dinheiro no ralo ( isto em tempos de inflação alta era inadmissível).
Sabe o que fazíamos quando investíamos errado em um vinil? Nós presenteávamos aniversariantes que não tínhamos muita intimidade, assim eles não podiam reclamar.
Portanto, para não correr esse risco de perder o investimento tínhamos que saber o que exatamente comprar, que cantor iríamos levar para casa, era um processo lento, a escolha era seletiva, ouvíamos a musica muitas vezes  no rádio ou aos sábados no Cassino do Chacrinha*  e só depois saímos na busca pelo vinil, sabendo exatamente que álbum queríamos.
Quem queria adquirir um vinil tinha que ser determinado, econômico e ser extremamente focado.
Minha definição de Foco é “para onde a lente aponta”, ou seja, o que vemos e como vemos, para onde estamos apontando nossas lentes, desejos e vontades.
Então, foco é um principio de vida, uma virtude desenvolvida, empresas falam dele, palestrantes de motivação também, existem livros e cursos específicos para tratar o tema, mais foco é algo que mora dentro de nós, somos nós que o alimentamos ou o matamos de fome, somos nós que o despertamos ou o deixamos adormecido, ter foco é ter certeza que vamos realizar mesmo em meio as adversidades.
Somente quem comprou um vinil na vida pode entender do que estou falando.
Cuidado:
Ser dono de um vinil necessitava desenvolver a capacidade de cuidar, pois a partir do momento da compra ele exigia cuidado extremo, pois ao andar nas ruas devíamos evitar os esbarrões, no ônibus cuidado em não prensa – lo em algum passageiro e assim vir à quebra – lo.
Tínhamos que cuidar para que o frágil vinil não ficasse exposto ao sol, pois eles empenavam e antes de coloca – lo no aparelho de som tínhamos que limpa – lo com um pano e não esquecer também de limpar com cautela a agulha da vitrola, senão as musicas ficavam distorcidas e pulavam para uma estrofe a frente.
Mas, o maior medo de quem tinha um vinil era arranha – lo, arranhões eram terríveis, pois uma vez arranhados todo o processo estava perdido, a música não chegava ao final e ficava repetindo e repetindo como se o cantor estivesse engasgado ou de uma hora para outra ficasse gago.
Hoje muitos profissionais Ipod não conhecem o principio do cuidado, o cuidado é uma das nossas maiores virtudes e trunfos, seja na vida pessoal ou profissional, pois só quem sabe cuidar bem do que tem consegue zelar e valorizar cada conquista, temos que nos lembrar do ritual do vinil que consiste em limpar as poeiras que se acumulam em nosso trabalho e que embaçam a nossa visão e dificultam nossa respiração.
Temos que evitar os arranhões em nossas relações com os chefes, subalternos, pares, clientes e fornecedores, uma vida sem arranhões é o nosso maior desafio, pois só um profissional sem arranhões pode ouvir nitidamente   a música do sucesso.
Atenção:
 Lado A e Lado B, assim era dividido o vinil, apenas dois lados.
Portanto, tínhamos que ficar prestando atenção nas músicas, pois em meio a uma festa acabar o lado A e não ter ninguém para virar o disco podia significar a quebra do clima e tudo podia ficar sem graça ou com um vaco em meio a animação.
Sinto que muitos profissionais têm sofrido por simplesmente não estarem prestando a atenção, perderam a hora de virar para o lado B, muitas vezes o nosso lado A já acabou faz tempo e nós insistimos em não virar o disco, insistimos em algo que já acabou,
Profissional Ipod tenha atenção, tenha intuição e tenha coragem, vire o disco, muitas vezes o lado B é melhor, nos trazem novos desafios, metas, valores, experiencias e logicamente esconde novos sucessos.
Limitação:
Vinis são objetos limitados, ou seja, eram no máximo doze faixas,       nada de uma infinidade de musicas como se tem hoje, isso quando as gravadoras lançavam um disquinho chamado de compacto que eram apenas duas musicas, do lado A era a música de sucesso e o lado B uma qualquer só para completar, não se podia gravar por cima dessas musicas, nem apaga – las, muito menos aumentarem esse numero, era essa quantidade e só.
Os profissionais Ipods são forçados a absorverem uma infinidade de informações, conhecimentos, respostas etc. parecem que são ilimitados, tem que produzir, criar e trabalhar infinitamente, mas, assim como os vinis somos limitados, existem muitos profissionais a beira do estado de nervos e outros deprimidos, cansados, frustrados e fracassados, sabe por que ? Porque só temos doze faixas e fingimos que somos programados com dez gigabytes de memória.
Sou totalmente a favor dos profissionais Ipods, eles são uma tendência, necessários e urgentes , mais profissionais Ipods são como a tecnologia, em breve inventam algo novo e eles ficam obsoletos, mais se resgatarem os princípios do vinil serão eternos.

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